O funcionamento da Orientação de Precisão explica-se melhor analisando a rotina necessária à participação numa prova. Muita desta rotina será familiar aos orientistas pedestres, mas existem algumas diferenças relevantes.
Material
Antes da partida, o orientista recebe um cartão de controlo próprio a esta disciplina (ver abaixo), maior que o tradicional cartão da Orientação Pedestre, porque tem de permitir múltiplas possibilidades de escolha para cada ponto. O controlo electrónico (p.ex. SPORTIdent), embora comum na Orientação Pedestre, está ainda em processo de adaptação para a Orientação de Precisão.
É essencial levar para o percurso uma bússola. Será útil levar também um relógio porque existe um tempo limite para a realização do percurso.
Auxiliares óticos (como binóculos ou medidores de distância), aparelhos GPS e telemóveis, são aparelhos que poderão dar uma vantagem injusta sendo, por isso, proibidos.
Não existem exigências ao nível da roupa utilizada na Orientação de Precisão. A maioria dos orientistas utiliza roupa desportiva. Em caso de utilizar roupa normal de Orientação, lembre-se que um percurso desta disciplina pode ter a duração de duas horas ou até mais. Provavelmente entre os pontos de observação a deslocação é rápida, aquecendo nesses momentos, mas depois fica-se imóvel enquanto se analisa os controlos, podendo-se aí arrefecer em demasia.
Pré-partida
O orientista deve apresente-se na pré-partida no seu minuto de partida ou quando estiver pronto, consoante o sistema utilizado. Se o percurso tiver pontos cronometrados (ver mais à frente), um ou mais poderão estar entre a pré-partida e a partida.
Partida
Na partida é registado o tempo de partida do atleta sendo este informado do tempo máximo para a realização do percurso e, portanto, da sua hora limite de chegada. Se chegar depois deste limite, receberá uma penalização de pontos. É definido este tempo limite de forma a existir um tempo de prova previsível e não demasiado extenso.
Mapa
Na partida é fornecido um mapa. Este mapa, com o percurso desenhado, é semelhante aos mapas de Orientação Pedestre. As escalas utilizadas para os mapas de Orientação de Precisão são normalmente as escalas utilizadas para provas de Sprint, podendo ser 1:3000, 1:4000 ou 1:5000, consoante a natureza do terreno.
Sinalética
O mapa contém também uma sinalética que é semelhante à utilizada na Orientação Pedestre, excepto os códigos dos pontos que são substituídos pelo número de balizas em cada ponto de controlo, podendo ser também colocadas na coluna H (última coluna da sinalética) setas específicas a indicar a direcção de observação.
Percurso
Em relação ao percurso, existe uma diferença importante. Na Orientação Pedestre, as linhas que ligam os círculos dos pontos de controlo representam, se o terreno o permitir, um possível trajeto a seguir. Na Orientação de Precisão é diferente, visto que é proibido ir para terreno fora dos caminhos (exceto se forem balizados alguns trajetos especiais), o que implica desclassificação. Assim, para esta disciplina, os percursos nos mapas não têm as linhas a ligar os pontos de controlo.
O objetivo é o orientista aproximar-se dos pontos até onde o caminho permitir e resolver o problema apresentado a partir daí. O caminho para os pontos de observação é normalmente óbvio e sem opções. Quando não for óbvio a partir do mapa de qual a localização do ponto de observação de um ponto de controlo, é dada, na Coluna H, qual a direção de observação. No entanto, para evitar casos dúbios, poderá ser necessário marcar no mapa um caminho como “fora de prova” colocando no mapa cruzes de cor púrpura sobre esse caminho, fechando-o no terreno com fita balizadora.
Pontos de controlo
Em cada ponto de controlo existem duas ou mais balizas, até um máximo de cinco. Os orientistas têm de escolher qual a baliza que está no elemento representado no centro do círculo e definida pela sinalética. Nas competições de elite é possível que nenhuma baliza esteja correta. Esta possibilidade “Zero” adiciona uma dimensão extra ao nível de capacidade técnica necessária para resolver o problema.
Na observação dos pontos de controlo, os orientistas podem movimentar-se ao longo dos caminhos. A identificação da baliza correcta é feita a partir de um Ponto de Observação identificado no caminho (normalmente por uma estaca numerada) mas não identificado no mapa.
Para nomear as balizas são utilizadas letras, considerando-se a mais à esquerda a A, a seguinte a B, e assim sucessivamente. Podemos observar na imagem seguinte o exemplo de um ponto com três balizas:
Neste caso, a sinalética tem na Coluna B a informação ‘A-C’. Observe-se que não existe identificação nas balizas.
Após tomada a decisão, é necessário registar num cartão de controlo, a partir do Ponto de Registo (normalmente junto ao Ponto de Observação) a baliza escolhida, utilizando um picotador no quadrado correspondente à letra dessa baliza. A opção “nenhuma baliza correta” é registada no quadrado “Z”. O cartão de controlo pode ter duas camadas, de forma que o picotado fique duplicado num segundo cartão que é devolvido ao orientista. Mais à frente neste capítulo é mostrado e explicado um cartão de controlo de Orientação de Precisão.
Se for utilizado um sistema de controlo eletrónico, é necessário “picar” na base correta de um conjunto de bases no Ponto de Registo.
Pré-chegada
Após todos os controlos terem sido visitados e as decisões registadas, os orientistas dirigem-se para a Pré-chegada, onde é registado o tempo de chegada.
Chegada
Após terminado o percurso principal, poderão existir um ou mais pontos cronometrados. Após terminarem esses pontos, os orientistas dirigem-se para a chegada onde os cartões de controlo são entregues ou descarregados os chips.
Resultados
Na lista de Resultados, a classificação de cada atleta é obtida pelo número de controlos corretos. Se existirem pontos cronometrados, o tempo respetivo é utilizado para desempate em caso de igualdade de pontos.
Mapa de Soluções
Para que os orientistas possam verificar a correção das suas respostas, a organização disponibiliza um mapa de soluções, normalmente constituído por segmentos ampliados do mapa na zona dos controlos, contendo a localização de todas as balizas e do ponto de observação para cada controlo e indicando qual a resposta correta.
Conteúdo adaptado do Livro “Orientação – Desporto com pés e cabeça”, traduzido a partir
do documento da IOF Technical Introduction to Trail Orienteering for Experienced Foot Orienteers